domingo, 28 de novembro de 2010

"Passos No Infinito"





Deixo-a só
e sou o infinito em que caminhas,
onde adivinhas o princípio do que sou...
E vou mais suave em pensamentos
e no meu intento de não mais deixar-te.
Estar nos teus passos
e fazer dos teus suspiros a razão...
E se adivinhas o princípio aqui presente,
torna-te onipotente
frente às provas mais cabais
em que tu vais, caminhando entre estrelas
e por não vê-las tens mais brilho
e, de mais bela, mais cristais...

Deixo-a só
e sou o passado às tuas costas
o qual tu gostas de recordar,
a eterna lembrança de um sorriso.
Por tudo isso, vou contigo
por todas as calçadas em que passas.
E se fracassas, sou teu pranto
que, no entanto, é todo um mar
onde sou peixe e sou marisco.
E não me arrisco a desbravar
os limites da areia quente
na qual me faço o teu caminhar...

Deixo-a só
e sou o horizonte à tua espera,
o infinito em que caminhas
e onde tinhas a vontade voar.
E serei par de tuas asas flutuantes
e, de andante, sou a certeza a apaziguar
de que teus passos rumam a esse infinito:
infinito de teus passos, teu sorriso
onde não mais tornarei a te deixar...


Dezembro de 1992




Do livro “Ovo À Milanesa”, 1994.

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