quarta-feira, 12 de junho de 2019

O Sabor Do Desalento


Busco o cálice de fel
e absorvo todo o amargor, sem temulência.
Sáfaro homem pós-moderno,
cujo cenho imberbe enrubesce
frente às misérias desta vida.

Enegrecidos olhos de contra-paixão
por anos de reproche e exprobração
que me tornaram criatura macambúzia e pachorrenta,
daquelas que vão amiúde, apesar da paúra,
feito pária à mercê da própria inexistência.

O desalento em que estou na sua essência,
resenha um ser de olhar atroz e suspicaz,
cuja rotina torpe, lôbrega e tenaz
destila aos poucos o amargor de todo o fel:
desencanto que absorvo, sem temulência. 

2 comentários:

Abraão Marinho disse...

Muito bom, amigo. Belo Poema!

Sérgio Cortêz disse...

Muito obrigado, Abraão. Fico honrado com sua leitura. Seja sempre bem-vindo ao Beco da Poesia.