sexta-feira, 14 de junho de 2019

Pombo Eu


Ave suja,
criatura desprezível,
desprovida de escrúpulos, risível.
Desconhece o que é viver honestamente,
comumente, enfada-se de impurezas,
como mente, exila-se em si mesma.

Ave vaidosa, ser apenado,
condenado a existir, desesperado:
apedrejado vetor de moléstias.
O que te resta é um bom punhado de migalhas
e a rapinagem metafísica
dos passos nas calçadas.

O seu voo passa longe,
bem acima dos meus sonhos:
dimensão que vai além do tempo,
liberdade de bater em retirada
frente aos desalentos
e ainda provar o sabor do vento...

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