E eu, melancólico,
A relembrar, bucólico
O nosso alcoólico jeito de amar
E de nos dar de nossos corpos
De nos embriagarmos com tantos detalhes
Que, de tão pequenos, pouco se fazem...
A saliva nas bocas secas,
O toque nas tuas melenas,
O sabor do beijo e das línguas
Sim, a vida ensina
A nossa sina feito cruz que não carregamos
Pois arrastamos
Pelos vales e precipícios do desatino
Destino daqueles
Que fazem pouco dos detalhes.
O meu jeito de te olhar pedindo mais,
O teu jeito de pedir quando é demais
Todo o pequeno universo que apraz
Os amantes do presente sem porvir
E há de vir uma saudade tão mordaz
Dos detalhes que, de tão pequenos,
Parecem infinitesimais.
E eu, melancólico
Num momento monótono
Numa solidão alcoolizada
E mais nada, só detalhes
Os quais relembro, sem querer,
Quase que por instinto
Detalhes que, de tão pequenos,
Hoje parecem tão distantes
E de tão grandes, infinitos...
Do livro “Ovo À Milanesa”, 1994.
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