domingo, 28 de novembro de 2010
"A Gota D'água"
A gota d’água, a gota poesia
A gota da minha poesia.
A gota mulher, a gota homem
A gota mistério, a gota que esgota
A gota que enche, a gota d’água.
A gota d’água
De um ribeirão, de uma torneira
De um balde, cheia de vida
Cheia de criação, cheia de oxigênio
Cheia de balde, cheia de torneira
Cheia de ribeirão.
A gota mistério, a gota histérica
A gota calada, sua real plenitude
Sua ideologia de ser apenas a parte
Menor ainda maior
Que toda e qualquer nuvem.
Sua vida de rumo incerto, seu anonimato
De ser apenas uma gota.
A gota d’água que cabe num copo
Não cabe no tempo.
Que cai sem destino, que cai calada
Mas cai, dá um salto, um salto para a vida
Vida de um balde, vida em uma torneira
Vida em um ribeirão...
A gota d’água
É o maior universo
Da criação...
Do livro “Ovo À Milanesa”, 1994.
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