Num lugar algum, o vazio ocupa
um espaço inexistente.
E o marasmo onipresente
contrasta com a beleza que vacila,
caminhando em passos trôpegos e fatais
onde o nunca sempre existiu jamais.
Num limitado infinito
pulsando, aflito, o tempo se esvai.
E o vácuo rebelde
desloca-se na brisa contida
pelo orvalho que não cai – e mais:
cala-se menos e sem orgulho
por nada, por tudo.
Num lugar algum, o vazio é ocupado
por meu coração.
Sem a paixão exacerbada
nem a mesma alma magoada,
vou-me contido em versos mudos e iguais:
onde o nunca sempre existiu jamais...
Do livro “57 Poemas Brasileiros”, 1997.
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