quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Réptil Divórcio"




Voz de quem me chama
na cama, na chama,
que chama ardente e reclama
por gente a se acasalar.

Voz que me chama
na sala, na mala,
no carro que pára na esquina
e manobra, pensando em voltar.

Voz que chama na varanda
e anda em passos lentos
meio tortos, dúvida,
certeza em não retornar.

Voz que me chama
no peito, sem jeito,
perfeito modo de fazer a gente
se rastejar...


Do livro “57 Poemas Brasileiros”, 1997.

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