Só posso evitar, a muito custo
O doce querer que me amotina.
No meu coração, o pranto é justo
Encanta e balança em pura sina.
Só posso pensar, feito num susto
O quanto a semente, em mim, germina
Quando me compele a olhar teu busto
E faz do meu peito estricnina.
Assanha ilusões, agora susto
Com meu padecer, outrora injusto
Se mata, parece que ensina.
Detenho o poder, enfim, me assusto
Provém do querer com o qual ajusto
O meu coração que te elimina...
Do livro “57 Poemas Brasileiros”, 1997.
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