E
ela vai, em seu voo atarracado,
ave
cheia de desazo.
Ousada,
até para no ar – pra quê voar
quando
a flor à sua frente se oferece,
lançando
um odor sedutor?
E
isso faz a cambacica
imaginar
que é um beija-flor...
E
ela faz o seu pouso atrapalhado,
derreando,
sem cuidado.
Fazendo
de seus pés a ponta dos galhos,
busca
o néctar que tanto lhe apraz,
muito
e mais, com o vento a seu favor.
E
isso faz da cambacica
o
projeto torto de um beija-flor...
E
ela dorme o seu sono exasperado,
arapuca
do cansaço.
E
vai mais longe em seus sonhos coloridos,
chilreando
livre e com destreza, sem temor,
voando
para trás, voando para frente,
transformando
finalmente a cambacica
no
mais belo beija-flor.
In: "Manual Da Poesia Fajuta" (Wattpad, 2015)
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