segunda-feira, 10 de junho de 2019

Amor Positrônico


Se pretendo tornar-me prófugo
ao que me parece prolixo,
não far-me-ei de rogado ou pudico:
informacional, eletrodo-me por inteiro
e me protejo embrulhado para presente.

Circuito-me com sistemas positrônicos
e me despedaço eletroeletrônico
por carícias imaginárias em teu corpo.
Louco digital que se acredita analógico,
entrego-me aos teus encantos surreais
com a mais imprecisa sensação estática.

Minhas mãos sujas e biônicas ainda se recordam
das formas macias e maciças do teu corpo.
Não pudico, divago de vez,
a mente em nós, atrozes e a sós:
desmanchando-me feito noz
em tua gamela fervente.


A estase me toma, por fim,
sobrecarregado de tua ausência,
curto-circuito afetivo da razão.
                                                             
E assim, teu androide poético e esboroado
retoma o papel de amante à espera
de tua mais saborosa programação... 

Nenhum comentário: