domingo, 16 de junho de 2019

Melancolia


Alto lá: não te esqueci,
fosse nos rincões de minhas lembranças,
fosse nas andanças por ai:
estavas comigo e teus olhos me brindavam,
nobre musa de meus versos silentes.

À sombra de flamboyants
eu desço de meu pedestal
e me esfacelo em arenito.
Viro pó, depois viro cipó,
reconstruo minha essência humana
ao relembrar trezentos pecados.

Alto lá: não te esqueci.
Desviei meu olhar trocentas vezes
e, boquiaberto, despertei-me desta fábula,
sem mácula, sem ranço,
sem nenhum descanso,
transformando tua lembrança
em uma presença imaculada
e a solidão n’alguma coisa
que ainda te sugere... 

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